segunda-feira, 20 de julho de 2009

GP BRASIL 1933 - MOSSORÓ, O PRIMEIRO VENCEDOR

Como estamos nos aproximando de nossa festa máxima vamos falar hoje do primeiro GP Brasil e seu vencedor: Mossoró.


Encontrei estes textos na Internet da Ana Paula Amorim e do Milton Lodi, respectivamente, que descrevem como foi a festa:

"A notável corrida realizada pelo Jockey Club Brasileiro assinalou a página mais importante da história do turf e elevou bem alto o valor da criação nacional. O majestoso Hipódromo Brasileiro se preparou para receber os ilustres convidados. Foram tomadas diversas providências no sentido de cercar os espectadores de todo o conforto. No espaço de 15 dias foram adicionados 232 guichês novos aos 323 já existentes, de modo que o público pode contar com 555 guichês para as apostas. Também cadeiras e bancos foram colocados de forma a manter o povo agrupado em vários pontos. Neste tão esperado dia, a cidade se agitava desde cedo. Quando às 11 horas foi iniciado o sorteio do sweepstake, loteria hípica, as tribunas popular, especial, dos sócios e da imprensa estavam lotadas.O hipódromo acolheu um público que nunca vivera um espetáculo social-esportivo na cidade. A ansiedade ainda maior justificava-se pelo encontro da parelha pernambucana Mossoró e Caicó, com cavalos de alto preço.


No quinto páreo ecoou o vozerio da multidão. Chegava ao hipódromo o Sr. Getúlio Vargas, Chefe do Governo Provisório. Depois de passar pelas tribunas, desceu do seu automóvel ao lado do recinto dos sócios, onde foi recebido pelo Dr. Pedro Ernesto, interventor do Distrito Federal, e pelos senhores Linnêo de Paula Machado, Fernando de Magalhães e Adhemar Faria, respectivamante presidente, vice-presidente e secretário do Jockey Club Brasileiro, dirigindo-se então, ao som do Hino Nacional, para a tribuna de honra. Aproximava-se a hora da grandiosa corrida. A multidão agitava-se nervosa, quando os vinte e dois concorrentes foram apresentados.


Mossoró foi o vencedor do Grande Prêmio Brasil, na distância de três mil metros, e ganhador dos trezentos contos de réis. O entusiasmo foi tanto que a massa popular tentou abraçar o cavalo e o jóquei, mas foi detida por um cordão de isolamento. O cavalo Mossoró era um produto genuinamente nacional, oriundo do Haras Maranguape, do distinto criador pernambucano Coronel Frederico J. Lundgren, também fundador das Casas Pernambucanas. A vitória do excelente cavalo pernambucano deixou também magnífica impressão no Chefe do Governo Provisório. "


"Em 1932/3 o presidente do Jockey Club Brasileiro era o Benemérito Linneo de Paula Machado, o diretor secretário Adhemar de Faria. Linneo viajava muito para a Europa, e era então Adhemar que se mantinha à frente do clube.Adhemar era muito amigo, desde os tempos de Faculdade de Direito, de Antonio Joaquim Peixoto de Castro Júnior. Em uma das viajens de Linneo, Adhemar e Peixoto tiveram a idéia da promoção de um Grande Prêmio altamente dotado, que receberia o nome de Brasil, e bancado pela Loteria Federal, da qual Peixoto era o concessionário. O plano era simples e fantástico, consistindo em um sorteio que atribuiria um número a cada concorrente, um bilhete numerado, e o resultado do páreo definiria a distribuição. A Loteria Federal certamente faria uma grande venda de bilhetes, bancaria um prêmio ao proprietário do cavalo vencedor, a quantia inimaginável para a época de 300 contos de réis, e ao Jockey Club Brasileiro caberiam os louros de uma espetacular promoção. Com a chegada de Linneo e a sua anuência, foi lançado publicamente o “Sweepstake”.

A notícia explodiu como uma bomba dentro e fora do mundo turfístico. Imagine-se só, uma venda de bilhetes que permitiria programar um Grande Prêmio de nome Brasil, com 300 contos de réis para o dono do ganhador. A notícia se espalhou rapidamente, os proprietários começaram a importar corredores, os melhores possíveis. Da Inglaterra, Franca, Argentina e Uruguai, e entre os compradores estavam o Dr. Linneo, o Dr.Peixoto, destacados nomes do turfe paulista, todos motivados para sensacional promoção, em clima de euforia.


À época a criação brasileira era incipiente, por isso os nacionais levavam boa vantagem de peso. Os transportes eram por trens no país e por navios quando do vinham do exterior, e quando um aportava com os importados para o G.P. Brasil, lá já estavam no cais jornalistas e fotógrafos, e no dia seguinte os jornais ilustravam e comentavam os acontecimentos turfísticos.


Com o prado lotado e em ebulição, foi corrido no primeiro domingo de agosto de 1933, o primeiro Grande Prêmio Brasil, 3000 metros, grama muito pesada. Por pescoço de diferença, o tordilho pernambucano Mossoró venceu o argentino Belfort, com o campeão uruguaio Bambu em 3º a dois corpos e em 4º Caicó, também tordilho e pernambucano. Dizem as crônicas e reportagens que o público invadiu a pista e em delírio tentou levantar do chão o campeão Mossoró, com jóquei e tudo. Mossoró assim como o seu companheiro Caicó, era um tordilho pernambucano de criação e propriedade de Frederico João Lundgren, treinador Eulógio Morgado, jóquei de Mossoró Justiniano Mesquita, jóquei de Caicó, Ignácio de Souza. O 3º colocado, Bambu, era do Dr.Peixoto.
Em uma época em que uma notícia levava uma semana aos extremos do país, no dia seguinte à vitória de Mossoró já era ídolo nacional. "


Resultado Oficial:

1º: Mossoró
2º: Belfort
3º: Bambú
4º: Caicó
5º: Sueño Largo
6º: Bosphore
7º: Soneto
8º: Conjurado
9º: Caton
10º: Myrtheé
11º: Double Steel
12º: Origan
13º: Kelani
14º: Panache Royal
15º: Carmel
16º: San Salvador
17º: Fariseo
18º: Niño
19º: Ultraje
20º: Bel Ideal
21º: Arranha Céo
22º: Padishah

Tempo: 189s4/5