Campo da prova (revista JCB):
Escute o GP na narração do saudoso Oscar Vareda:
GABRIEL MENEZES
Gabriel Menezes gostou muito da corrida de Laurus e disse ter chegado a sentir o gosto da vitória na entrada da reta, quando seu conduzido tomou a ponta e ainda tinha reservas. Gabriel, que venceu o GP São Paulo com Tibetano, o pai de Laurus, acha que o filho é superior:
- Laurus é um excelente cavalo e ao entrar na reta pensei que não perderia. Nos 300 metros foi dominado por quase 1 corpo de diferença, mas reagiu e ainda chegou perto de Troyanos, que, talvez pela primeira vez em sua campanha, teve de suar para vencer.
Leopoldo Cury, treinador de Laurus, disse que traçou a estratégia da carreira pela manhã:
- Disse ao Menezes que o ideal seria correr em segundo lugar, atrás de Japan Air, para tomar a ponta antes da reta e colar na cerca. Com a pista pesada, a tarefa dos adversários seria mais difícil. Foi uma corrida excepcional e perdemos para um craque.
O freio Edson Ferreira, jóquei de Carteziano, lamentava o fato de a pista ter ficado pesada, mas afirmou que, para um cavalo que não corria há um ano, a performance do filho de Waldmeister foi sensacional:
- Se a raia estivesse leve, teríamos conseguido o bicampeonato. Carteziano é uma cavalo maravilhoso e provou isso na corrida.
- Não sei se ganharia, mas, sem dúvida, chegaria brigando. Nos 300 metros, quando arrancou, ficou sem passagem, pois Troyanos e Carteziano foram para dentro, fechando o caminho.
- Na primeira curva a égua se perdeu dos posteriores e quase caí de seu dorso. Ela ficou longe do penúltimo colocado. Nos 800 metros finais, quando consegui colocá-la mais perto, novamente quase caí, perdendo o contato, e cheguei a pensar que chegaria em último. Na reta porém, começou a correr de verdade e, quando a levei para fora, descontou muito.
Jorge Garcia, piloto de Ken Graf, disse que foi obrigado a assistir ao desfecho da prova nos 300 metros finais:
- Na metade da reta Laurus saiu da cerca, indo para a linha dois, e senti que poderia vencer o páreo por ali. Quando lancei Ken Graf, o Gabriel trouxe seu cavalo de volta para dentro, enquanto por fora já atropelavam Troyanos, Carteziano e Jack Bob. Fiquei encerrado e não pude mais exigir do meu conduzido.
Jorge Ricardo não participou do GP deste ano porque Ego Trip, sua montaria na prova fora retirado pela Comissão de Corridas. O filho de Sunset sofrera cólicas durante a semana e fora tratado com medicação, o que o Código de Corridas não permite:
- Fiquei com uma tremenda raiva. Não querendo desmerecer a excepcional categoria de Troyanos, acho que desta vez eu não perderia. Era o tipo de páreo ideal para Ego Trip, mais ainda não foi desta vez que tive a felicidade de vencer esta prova. Fica para a próxima.
Foi um páreo contrário às características de Troyanos. Pelo campo reduzido, tive que corrê-lo perto, quando prefere ficar longe para uma atropelada. Trabalhei Laurus e sabia que se o deixasse fugir, ele ganharia. Nos 400 metros finais, tive a impressão de que poderia levar a melhor, mas não seria tão fácil como das outras vezes. Só nos 50 metros finais, convenci-me da vitória. Embora Laurus reagisse, trazia-o dominado.
O treinador de Troyanos, Wilson Pereira Lavor, 46 anos, paraibano, estava muito emocionado com a vitória. Para ele, a enorme tensão pela qual seu filho, o jóquei Carlos Lavor, passou nos últimos dias poderia influenciar no seu desempenho. Por isso, procurou tranqüilizar o garoto:
- Pedi a ele que corresse como sabe. E que, se Troyanos por acaso perdesse, a culpa seria minha, que sou o responsável pelo preparo do cavalo. Estou felicíssimo. Apesar de já ter vencido com Daião, em 1977, a emoção desta vez foi maior. Um cavalo montado pelo meu filho e do Santa Maria de Araras, no qual eu trabalho há 12 anos e que ainda não havia vencido esta carreira. Foi maravilhoso.
ÚNICO VENCEDOR COM PULE DE DEVOLUÇÃO DA HISTÓRIA
Nos seus 57 anos de vida, muitos favoritos ganharam o GP Brasil, muitos perderam. O campeão Troyanos recordista brasileiro da época, devolveu o capital apostado. Pule de 10. Um novo recorde na história da prova. Até então , a menor pule pertencia ao brasileiro Helíaco e ao argentino Moraes Tinto, que ratearam 1,50.
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