Encontrei estes textos na Internet da Ana Paula Amorim e do Milton Lodi, respectivamente, que descrevem como foi a festa:
No quinto páreo ecoou o vozerio da multidão. Chegava ao hipódromo o Sr. Getúlio Vargas, Chefe do Governo Provisório. Depois de passar pelas tribunas, desceu do seu automóvel ao lado do recinto dos sócios, onde foi recebido pelo Dr. Pedro Ernesto, interventor do Distrito Federal, e pelos senhores Linnêo de Paula Machado, Fernando de Magalhães e Adhemar Faria, respectivamante presidente, vice-presidente e secretário do Jockey Club Brasileiro, dirigindo-se então, ao som do Hino Nacional, para a tribuna de honra. Aproximava-se a hora da grandiosa corrida. A multidão agitava-se nervosa, quando os vinte e dois concorrentes foram apresentados.
Mossoró foi o vencedor do Grande Prêmio Brasil, na distância de três mil metros, e ganhador dos trezentos contos de réis. O entusiasmo foi tanto que a massa popular tentou abraçar o cavalo e o jóquei, mas foi detida por um cordão de isolamento. O cavalo Mossoró era um produto genuinamente nacional, oriundo do Haras Maranguape, do distinto criador pernambucano Coronel Frederico J. Lundgren, também fundador das Casas Pernambucanas. A vitória do excelente cavalo pernambucano deixou também magnífica impressão no Chefe do Governo Provisório. "
A notícia explodiu como uma bomba dentro e fora do mundo turfístico. Imagine-se só, uma venda de bilhetes que permitiria programar um Grande Prêmio de nome Brasil, com 300 contos de réis para o dono do ganhador. A notícia se espalhou rapidamente, os proprietários começaram a importar corredores, os melhores possíveis. Da Inglaterra, Franca, Argentina e Uruguai, e entre os compradores estavam o Dr. Linneo, o Dr.Peixoto, destacados nomes do turfe paulista, todos motivados para sensacional promoção, em clima de euforia.
À época a criação brasileira era incipiente, por isso os nacionais levavam boa vantagem de peso. Os transportes eram por trens no país e por navios quando do vinham do exterior, e quando um aportava com os importados para o G.P. Brasil, lá já estavam no cais jornalistas e fotógrafos, e no dia seguinte os jornais ilustravam e comentavam os acontecimentos turfísticos.
Com o prado lotado e em ebulição, foi corrido no primeiro domingo de agosto de 1933, o primeiro Grande Prêmio Brasil, 3000 metros, grama muito pesada. Por pescoço de diferença, o tordilho pernambucano Mossoró venceu o argentino Belfort, com o campeão uruguaio Bambu em 3º a dois corpos e em 4º Caicó, também tordilho e pernambucano. Dizem as crônicas e reportagens que o público invadiu a pista e em delírio tentou levantar do chão o campeão Mossoró, com jóquei e tudo. Mossoró assim como o seu companheiro Caicó, era um tordilho pernambucano de criação e propriedade de Frederico João Lundgren, treinador Eulógio Morgado, jóquei de Mossoró Justiniano Mesquita, jóquei de Caicó, Ignácio de Souza. O 3º colocado, Bambu, era do Dr.Peixoto.
Em uma época em que uma notícia levava uma semana aos extremos do país, no dia seguinte à vitória de Mossoró já era ídolo nacional. "